quinta-feira, 19 de março de 2015

Fause Haten consolida carreira de ator em estreia no Festival de Curitiba









Estilista brasileiro reconhecido internacionalmente mergulha em suas raízes libanesas em “Post Scriptum”


Fause Haten fortaleceu-se profissionalmente como um dos maiores talentos do design de moda do Brasil.  Desde 1987 ele tem sua própria marca no mercado fashion e há alguns anos tem expandido sua carreira para a ourivesaria, a música e a performance, até desaguar no teatro. “É no teatro que me encontro estabelecido. Era esse o lugar que eu estava procurando”, afirma, entusiasmado.

“Post Scriptum”, uma das sete estreias da Mostra do 24o Festival de Teatro de Curitiba, traz Haten como o primogênito de uma família de origem libanesa, que conversa em casa sobre o conflito entre israelenses e palestinos, revisitando as questões religiosas da história. Além da possibilidade de expansão técnica, este trabalho tem proporcionado a ele a oportunidade de mergulhar em sua própria história. “Estou tendo, agora, uma conversa que nunca tive com meu pai”, afirma.

Filho de libaneses imigrantes que chegaram ao Brasil no final da década de 40, Haten confessa ter sempre evitado participar das conversas referentes aos conflitos da Faixa de Gaza entre seus pais e amigos. “Meu pai viveu até os 18 anos no Líbano e, apesar de sempre ter exposto sua visão a respeito do que acontecia no seu país natal, eu preferia ficar à margem destes assuntos. Eu não tinha interesse. Não gosto de conflitos e de violência. Agora, com esta peça, tive que parar para entender, estudar, ver os dois lados, as razões, o que justifica as atitudes de cada um. Hoje, gostaria de ter ouvido as histórias do meu pai do tempo em ele viveu no Líbano, tentar entender como ele pensava e o que aquilo representava para ele”, confessa.

O pai de Haten faleceu no ano passado. “A morte dele foi num domingo e na segunda-feira eu entrei no teatro para montar a peça ‘A feia Lulu’. Senti que deixei de ter ele ao meu lado e passei a ter ele em cena, pois em meu texto solo havia coisa escondida da minha relação com ele”, explica. Em “Post Scriptum” algo parecido parece estar para acontecer, apesar do texto não ser de Haten. “Nos ensaios, uso minha memória afetiva para fortalecer as cenas”, conta.

História – O namoro de Haten com o teatro começou em 2006, quando – depois de decidir não participar mais das semanas da moda de Milão e Nova Iorque e ter mais tempo livre – passou a estudar Artes Cênicas no Teatro Escola Célia Helena. Foram quatro anos de curso.

“Foi a partir dos cursos de corpo, dança, interpretação, canto lírico e preparação vocal que meu interesse pelas artes cênicas se desenvolveu. E passou a ficar nítido no meu trabalho de moda a referência performática, o olhar de direção”, destaca.  Neste contexto, em junho de 2011, surgiu “Clarisse”, o seu primeiro desfile-performance. “Tenho um exercício criativo de fazer caminhos novos e de mostrar as roupas com um pensamento cênico”, define. Naquele desfile, a criatividade foi usada na trilha sonora, um texto escrito e narrado por ele mesmo, e dominou a passarela: Haten e mais cinco condutores levaram as modelos pelas mãos pela passarela, que de olhos vendados andavam como se estivessem dormindo, repensando o andar característico das modelos.

A estreia de Haten como ator/performer, autor e encenador foi no início de 2014 com o espetáculo solo “A feia Lulu”, em São Paulo. A performance prestou uma homenagem a Yves Saint Laurent e Pierre Bergé. Haten usou seu corpo e a sua história como estilista para contar a história desses personagens. “A partir daí, sinto que passei a ser visto de fato como ator. O diretor Samir Yazbek, que foi meu professor, assistiu meu trabalho e me convidou para fazer parte de Post Scriptum.  Trabalhar com Samir e Helio Cícero é uma honra para mim”, ressalta Haten.

Em “Post Scriptum”, além de atuar, Fause Haten assina a cenografia e o figurino. Logo depois da estreia em Curitiba, ele volta a São Paulo para estrear “Fingidor”, dia 7 de abril, no Tuca. No dia 13 de abril fará um desfile no SP Fashion Week. Na sequência, fará o lançamento da nova coleção da linha de joias em uma feira em São Paulo.  Multiartista, Haten reconhece-se no movimento e na transformação. “Tenho tempo para me dedicar a tudo o que gosto e reconheço que no teatro tenho a possiblidade de atuar, cantar como recurso cênico, além de ter a experiência de figurino e cenário”, confidencia. Suas manhãs são dedicadas à empresa de moda e as tardes e noites ao teatro.

O 24º. Festival de Teatro de Curitiba é apresentado pelo Banco Itaú e Tradener e tem patrocínio da Renault do Brasil, Petrobras, Copel, Fundação Cultural de Curitiba/Prefeitura de Curitiba e UEG Araucária, além do apoio da Itaipu Binacional.

A venda dos ingressos está disponível pela internet (www.festivaldecuritiba.com.br) e nas bilheterias oficiais do evento, instaladas no ParkShoppingBarigüi, Shopping Mueller e Palladium Shopping Center. Os ingressos para os espetáculos da Mostra custam R$ 70,00 e R$ 60,00 (inteira) e R$ 35,00 e R$ 30,00 (meia-entrada). Os valores maiores são para os espetáculos em cartaz nos teatros Guaíra, Guairinha, Positivo e Bom Jesus, que têm custos de bilhetagem superiores aos demais.


SERVIÇO:
Post Scriptum
Dias 26 e 27 de março
Teatro Paiol


SOBRE O FESTIVAL DE TEATRO
Criado em 1992, o Festival de Teatro é o maior evento teatral do Brasil. Idealizado pelos jovens Leandro Knopfholz, seu atual Diretor Geral, e Carlos Eduardo Bittencourt, o Festival sempre atraiu a atenção dos principais nomes da dramaturgia nacional.

Sua primeira edição, organizada com a ajuda de Cássio Chamecki e Victor Aronis, reuniu 14 espetáculos e contou com as participações de José Celso Martinez Corrêa, Antunes Filho, Gerald Thomas, Cacá Rosset e Gabriel Vilela.

Para marcar a criação do Festival, a Prefeitura Municipal de Curitiba construiu no tempo recorde de 30 dias o Teatro Ópera de Arame, projetado pelo arquiteto Domingos Bongestabs, que se transformou num dos principais cartões postais da capital paranaense. A Ópera de Arame foi inaugurada com o espetáculo “Sonhos de uma Noite de Verão”, de Shakespeare, numa montagem inédita do Grupo Ornitorrinco.

Desde a sua criação, o Festival já reuniu mais de sete mil espetáculos, sendo 600 na Mostra Oficial, 6.200 no Fringe e 350 nos Eventos Paralelos (Guritiba, Mish Mash e Risorama). Isso já garantiu ao Festival uma plateia geral de mais de 4,8 milhões de pessoas de todo o Brasil. Todos os anos, o Festival é realizado graças à participação de 1.500 profissionais entre diretores, atores, iluminadores, figurinistas, maquiadores, técnicos, montadores, bilheteiros, divulgadores, administradores e organizadores.

A Mostra possui curadoria especial e sempre reúne estreias nacionais, grandes espetáculos internacionais e as principais produções do teatro brasileiro. O Fringe reúne várias Mostras Especiais, sem curadoria, e abre espaço para centenas de produções de todo o Brasil. Por isso, o Fringe tornou-se na vitrine mais democrática do teatro brasileiro, fora da agenda comercial do eixo Rio-São Paulo.

O Fringe faz parte do Festival de Teatro desde a sua sétima edição, em 1998. Ele se inspira na experiência que surgiu espontaneamente, em 1947, no Festival Internacional de Edimburgo, mais importante evento de artes cênicas do mundo. Sua denominação significa, em inglês, “franja” ou “margem” e traduz sua essência aberta e democrática. As companhias teatrais que formam a programação do Fringe participam do evento por iniciativa própria. Por isso, sua programação sempre reserva grandes surpresas e muitas produções originais.

NQM Comunicação

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