quarta-feira, 29 de março de 2023

Vera Holtz quer tomar um chope em Curitiba

 

A "musa-leoa" Vera Holtz quer tomar um chope em Curitiba

Atriz está em cartaz na Mostra Lucia Camargo com peça inspirada no best-seller “Sapiens”, de Yuval Harari



Aos 70 anos de idade, Vera Holtz entra sorridente e gingando na sala Jô Soares, no Hotel Mabu, o quartel-general da imprensa no Festival de Curitiba. Antes de se posicionar pra entrevista coletiva, pergunta aos fotógrafos e cinegrafistas, solícita e simpática: “Onde é bom que eu fique pra vocês?”.

Vera Holtz é boa em qualquer lugar. Atriz consagrada nos palcos, no cinema e na televisão, ela acaba de vencer o Prêmio Shell, o mais importante do teatro nacional, por sua atuação em “Ficções”, peça em cartaz na Mostra Lucia Carmargo, e inspirada em “Sapiens, Uma Breve História da Humanidade”, best-seller do israelense Yuval Harari.

Antes mesmo de ser convidada para o papel, Vera já tinha lido o livro e ficado profundamente impactada. “Dei de presente pra muitas pessoas. O pessoal achava muito grande, com muitas páginas, mas eu dizia, ‘vai lendo um pouco por dia’. O brasileiro às vezes não tem muita paciência”, comenta ela, enquanto dá uma de suas gargalhadas contidas, características.

“Nossa expectativa no momento é como esse espetáculo vai se comportar num templo sagrado como o Guairão. Até agora, ele foi apresentado em teatros menores. Mas a plateia de Curitiba é muito talentosa, e a cidade sempre foi muito carinhosa comigo.”

Vera Holtz depende do público de Curitiba pra tomar um chope. “Ficções” tem muitos momentos de interação com os espectadores, e em um deles – que Vera não revela, pra não dar spoiler – a atriz quer ver todo mundo cantando junto. “Um amigo comentou que se a gente conseguir isso, é porque os curitibanos estão gostando mesmo. Aí, vamos tomar um chope.”

“A plateia é um corpo vivo. A cada dia aqueles homo sapiens reunidos ali se comportam de um jeito. Meu papel é também conduzir, porque preciso levar o público até um determinado estado de espírito, uma emoção x”, empolga-se ela, gesticulando com os braços. “Você contagia a plateia, e também é contagiada por ela.”

Nem sempre é uma tarefa simples.


Vera Holtz e o músico italiano Federico Puppi.


Aos 70 anos de idade, Vera Holtz às vezes sente o joelho vacilar e a memória dar uma emperrada. “Meu corpo está pulsando há muito tempo. Antigamente, eu flutuava no palco, mas agora não consigo mais surfar. Antigamente, eu me achava uma deusa. Agora, sou uma deusinha, dou um passo por vez”, brinca.

O músico italiano Federico Puppi, que em “Ficções” acompanha Vera no palco, discorda. “Tenho 37 anos e não é raro a Vera estar com mais energia do que eu. Por isso, a gente cunhou um apelido pra Vera: musa-leoa.”

A peça de Vera fala sobre as muitas ficções criadas pelo ser humano ao longo da história e de como isso ajudou a espécie a formar grandes grupos coesos, colaborar e superar obstáculos. Uma dessas ficções é o dinheiro. Outras, os deuses e as nações. Existem muitos exemplos, mas qual seria a ficção preferida de Vera Holtz. “A empatia?”, pergunta ela, fazendo uma careta de quem simula só estar pensando agora no assunto. “Ou isso é algo natural? Essa é uma das questões que a peça coloca.”

“A vida toda é uma coleção caótica de acasos”, filosofa. “Mas não estamos sozinhos. Existem milhões de questões individuais, mas estamos aqui e agora. Isso quer dizer alguma coisa.”

SERVIÇO
O que: Ficções, no 31.º Festival de Curitiba
Quando: 30/03 e 31/03, às 20h30
Onde: Teatro Guaíra
Valores: R$ 80 e R$ 40 / (mais taxas administrativas)
Ingressos: www.festivaldecuritiba.com.br e na bilheteria física exclusiva do Shopping Mueller (piso L3), de segunda-feira a sábado, das 10h às 22h; domingos e feriados, das 14h às 20h.
Verifique a classificação indicativa e orientações de cada espetáculo.

Por Sandoval Matheus – Agência de Notícias do Festival de Curitiba.

 Foto: Anelize Tozzetto.

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