sexta-feira, 7 de junho de 2024

Junho Roxo: Médica Nutróloga lidera programa pioneiro no Brasil de conscientização sobre o lipedema

 

 

Doutora Debora Froehner, referência no tratamento da doença inflamatória do tecido conjuntivo gorduroso, iniciou movimento político responsável pela oficialização da doença no calendário paranaense de saúde. 


Enfermidade confundida com obesidade afeta milhões de mulheres no mundo

 

Pioneiro, o Paraná será o primeiro estado do Brasil a instituir um mês especial dedicado ao lipedema, doença crônica que afeta 12,3% das mulheres do país. No próximo dia 10 de junho, segunda-feira, uma cerimônia na Assembleia Legislativa do Estado marcará a criação oficial do Junho Roxo, mês de conscientização e prevenção do lipedema.

 

O Projeto de Lei 266/2024, que instituiu a data, teve proposta apresentada pelas deputadas Cantora Mara Lima (Rep), Maria Victoria (PP) e Márcia Huçulak (PSD), e pelo deputado Tercílio Turini (MDB). O projeto foi escrito com a ajuda da médica nutróloga Debora Froehner, que há 10 anos trata pacientes com lipedema e capitaneou a movimentação política que será tramitada na Assembleia.

 

“Visando levar meu conhecimento além da Clínica NutroCare, tomei a iniciativa de solicitar apoio do governo do Paraná em uma ação em prol de todas as mulheres com essa doença, ainda negligenciada, com o objetivo de conscientizar a sociedade, incentivar o diagnóstico precoce, políticas públicas e pesquisas. E assim, rompendo as paredes do consultório, poder abraçar todo o Estado”, fala a médica.

 

O objetivo do Junho Roxo é conscientizar a população, em especial as mulheres, sobre o risco do lipedema e ampliar as possibilidades de tratamento, além de estabelecer diretrizes e estudos sobre a doença, que causa uma disfunção do tecido conjuntivo, em especial dos adipócitos. "O lipedema é uma doença de impacto sistêmico, além do aspecto emocional, tendo repercussão na qualidade de vida das mulheres em qualquer idade e classe social", destaca Debora.

 

A inflamação na gordura gera sintomas como dor, desconforto, cansaço, hematomas frequentes, inchaço e dor nas pernas, além de aumento de peso que não responde bem a tratamentos estéticos, exercícios físicos ou estratégias de emagrecimento. Casos mais graves podem dificultar o caminhar e atrofiar músculos. A enfermidade costuma piorar depois dos 40 anos devido às oscilações hormonais e não melhora após a menopausa.

 

A doença é conhecida há mais de 80 anos, mas era vista como uma questão estética, decorrente de outras enfermidades. Apenas em 2022 ela entrou para o rol de enfermidades da Classificação Internacional de Doenças (CID). “Até então, o lipedema era considerado como uma consequência de obesidade ou de um problema circulatório. Mas, hoje, já sabemos que é uma doença independente”, explica a médica.

 

O lipedema não tem cura, mas apresenta uma grande melhora dos sintomas com o tratamento adequado. “As pacientes sentem vergonha, frustração e culpa. Muito além do que se vê, o que mais importa no lipedema é o que não se vê, o que está por trás das pernas grossas, como aumento do risco de outras doenças, dores e inchaço. São inúmeros sintomas que impactam na qualidade de vida”, destaca a médica.

 

Uma década de atuação

 

Debora Froehner atua no tratamento de lipedema desde 2014, quando acompanhou a primeira paciente com o problema. “Foi um desafio, pois ainda não existiam muitas informações na ciência sobre tratamentos específicos. Na busca por auxiliar na melhoria da saúde e da autoestima, aprofundei meus conhecimentos e área de atuação na doença ainda pouco conhecida”, relembra.

 

Depois de uma década de experiência, ela desenvolveu um protocolo de diagnóstico e tratamento. “Saber reconhecer e tratar o lipedema sempre fez parte do meu acompanhamento da saúde da mulher. Entendendo a complexidade, demanda cada vez mais acentuada e a necessidade de oferecer uma solução mais efetiva para a doença, desenvolvi um método próprio de tratamento metabólico multidisciplinar e, assim, tenho ajudado mulheres de todas as idades a lidar o problema”, explica.

 

Para a doutora, a inclusão do lipedema no calendário oficial de eventos é um marco para a saúde feminina no estado do Paraná́. O próximo passo é conseguir, por meio da rede pública de saúde, levantar dados para mapear a prevalência da enfermidade, ajudando a criar diretrizes para o diagnóstico e tratamento.

 

A médica também está à frente do pedido de inclusão de um código específico para o tratamento cirúrgico do lipedema no Sistema Único de Saúde (SUS). “Esse processo, que deve levar cerca de seis meses, é muito importante, já que a maior parte das pacientes de grau 4 da doença, que é o mais grave, é de classe social mais baixa. E depois de oficializado no SUS, ele pode ser incluído nos convênios a nível nacional”, conta.

 

Com essas iniciativas, Dra Debora Froehner espera conseguir avanços na educação médica acerca da enfermidade no estado do Paraná e, posteriormente, no Brasil. “Com o levantamento de dados, vamos decidir como vai ser a política de acompanhamento e tratamento do lipedema. É um passo a passo demorado, difícil, mas que, se ninguém fizer, não vai acontecer”, finaliza.

 

Sobre a Dra. Debora Froehner

 

Formada em medicina pela Universidade Federal de Santa Catarina, é especialista em Nutrologia pelo Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo e em Nutrição Parenteral e Enteral, com ampla experiência no setor hospitalar, tendo sido coordenadora de equipe multiprofissional de terapia nutricional dos Hospitais de Clínicas e Cruz Vermelha por quase uma década. Há 12 anos é diretora da Clínica NutroCare, em Curitiba, com foco na saúde integral feminina. Sua ampla experiência em consultório trouxe um olhar diferenciado sobre a realidade do lipedema na vida das mulheres e o sofrimento que a doença causa.

 

Saiba mais em: https://www.clinicanutrocare.com/

Siga no Instagram: @dradeboranutrologa

 Foto: Cris Scutti.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigada,por nos deixar sua opinião.